segunda-feira

A tinta esvai-se pelo papel
Teima em não secar
Continua a escorrer
Conto as gotas que vão caindo
Enraiveço-me por ter à mão um papel de má qualidade
Tenho a certeza que a tinta é boa
Tenho a certeza.
As gotas deixaram de ser gotas
E marcam o chão de encarnado
E o papel vai ficando
Cada vez mais borratado,
Com gatafunhos, agora tornados ilegíveis
Estava pronta para ir ao encontro das palavras
Mas elas fugiram, escorregaram…
Não se findaram ainda
Agora, só vestígios da tinta permanente,
Aquela que me deste, lembras-te?
Como é possível ter feito a escolha errada do papel
Para a mais graciosa das tintas?
Nunca fui sublime nas minhas escolhas, como tu.
Talvez porque nunca tenha sido obrigada a escolher.
Sempre me amparaste, sempre me aconselhaste
Sobre o melhor, da melhor maneira.
E agora? Como faço para recuperar as letras que constituem as palavras
que me levam ao meu destino?
Não posso fazer com que a tinta volte para o papel.
Mas posso tentar escrever de novo.
Achas que consigo escrever reescrevendo o que escrevi?







Margarida

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